O ministro das Relações Exteriores, Téte António, reafirmou, quarta-feira, em Hunan, República Popular da China, que o desenvolvimento harmonioso de África constitui uma necessidade premente.
O chefe da diplomacia angolana, que intervinha no Fórum de Cooperação China – África, sustentou a afirmação com o facto de Angola saudar, com entusiasmo, o anúncio do Presidente da China, Xi Jinping, referente à disponibilização de uma linha de crédito no valor de 360 mil milhões de yuan (moeda chinesa), destinada a financiar as dez acções de parceria para a modernização, visando aprofundar a cooperação do gigante asiático com os países africanos nos próximos três anos.
Téte António considerou igualmente meritória a decisão do Governo chinês conceder isenção aduaneira a 35 países africanos, para 98 por cento dos produtos exportados para a China, prevendo que a medida “contribuirá de forma expressiva para a dinamização do comércio e o reforço das capacidades produtivas das nossas economias”.
Apesar dos progressos registados, disse o ministro angolano das Relações Exteriores, África enfrenta, ainda, desafios consideráveis, entre os quais se destacam “a persistência de tensões políticas e insegurança em algumas regiões, o impacto adverso das alterações climáticas e o défice tecnológico e de competências, que limitam a competitividade e a industrialização dos nossos Estados”.
A actual reconfiguração geopolítica e económica internacional, na óptica de Téte António, afecta de forma particularmente severa os países em desenvolvimento, com especial incidência sobre os de África, justificando a sua condição de “continente mais vulnerável”, admitindo que tal realidade exige um renovado empenho na formulação de políticas de boa governação, no fortalecimento do capital humano e tecnológico, e no incremento da cooperação bilateral e multilateral.
União Africana
Relativamente às acções de Angola, enquanto detentora da presidência “pro tempore” da União Africana, por intermédio da liderança do Presidente João Lourenço, o ministro Téte António revelou que o país definiu como prioridade estratégica o lema “Infra-estruturas e capital humano: principais factores do desenvolvimento integral de África”.
O lema escolhido por Angola, explicou o chefe da diplomacia angolana, “reflecte a necessidade de acelerar o progresso sócio-económico do continente e reafirma o compromisso de África com as Agendas 2030 das Nações Unidas e 2063 da União Africana”.
As acções, de acordo com o ministro, devem concentrar-se nos domínios da promoção da interconectividade; garantia da segurança alimentar; expansão da electrificação; intensificação das trocas comerciais; erradicação da fome; e desenvolvimento da Educação, Ciência e Indústria.
Parceria com a China
Téte António assegurou que as relações com a República Popular da China revestem-se de um carácter muito positivo e mutuamente vantajoso, argumentando que a cooperação bilateral entre os dois países “é um dos pilares fundamentais do processo de reconstrução nacional, iniciado após a obtenção da paz efectiva em 2002”.
Actualmente, lembrou o ministro das Relações Exteriores, “a China é o maior parceiro comercial de Angola, e as relações assentam no respeito recíproco, na busca de benefícios mútuos e na criação de valor acrescentado para as nossas economias e os nossos povos”, destacando que desde 2017, sob a liderança do Presidente João Lourenço, Angola tem implementado “um conjunto consistente de reformas económicas e sociais, com vista à diversificação da economia e à atracção de investimento estrangeiro qualificado”.
“A China tem sido um actor preponderante neste processo, participando directamente em importantes sectores da nossa Economia, nomeadamente na Construção Civil, Indústria Transformadora, Agricultura e Pescas, Energia e Minas e Infra-estruturas de Transporte”, acentuou.
Téte António esclareceu que os referidos investimentos têm contribuído para o fortalecimento da base produtiva angolana, aumento do Produto Interno Bruto (PIB), criação de oportunidades de emprego e o incremento da competitividade externa de Angola, enfatizando, por isso, que “o balanço da implementação dos projectos enquadrados nas dez acções de parceria para a modernização é francamente positivo”.
Entre os progressos alcançados na relação com a China, o ministro das Relações Exteriores destacou, ainda, a assinatura do Acordo-Quadro de Parceria Económica para o desenvolvimento compartilhado, assinatura do protocolo referente à sexta equipa médica da China em Angola, Memorando de Entendimento no domínio das Pescas, realização de seminários temáticos conjuntos, e a concretização dos projectos da Central Hidroeléctrica de Caculo Cabaça e do Porto de águas profundas de Caio, em Cabinda.