• Novas áreas com potencial para exploração encorajam reforço de investimentos da De Beers em Angola


    Uma mesa-redonda para analisar a actual situação crítica do diamante natural no mercado internacional vai ter lugar, hoje, em Luanda, com a participação dos principais produtores do mineral a nível do continente africano.
    A informação foi avançada, ontem, à imprensa, pelo ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, no fim de uma audiência que o Presidente da República, João Lourenço, concedeu ao líder da multinacional De Beers, Al Cook, no Palácio da Cidade Alta.Diamantino Azevedo fez saber que a indústria diamantífera mundial passou a atravessar, nos últimos anos, algumas dificuldades, com o surgimento do diamante sintético produzido em laboratórios.

    A presença deste tipo de diamante no mercado internacional, explicou o ministro, está a afectar o preço do mineral natural, situação que disse estar a preocupar todos os produtores.

    O titular do departamento ministerial responsável pelos Recursos Minerais, Petróleo e Gás disse que a mesa- redonda, que vai contar, entre outros figuras, com a presença dos ministros responsáveis pelo sector Diamantífero do Botswana, Namíbia, África do Sul e da República Democrática do Congo (RDC), tem como objectivo encontrar uma solução para o problema.

    Um dos objectivos da mesa- redonda ministerial, adiantou Diamantino Azevedo, passa pela necessidade de se fazer um alinhamento a nível do que chamou de uma campanha de promoção do diamante natural conjunta.

    "Nós vimos que existe a necessidade de algum reforço do trabalho individual de cada país, para a promoção do diamante natural, mas, também, de um esforço colectivo entre os principais produtores mundiais e as principais organizações e empresas que actuam neste segmento", ressaltou.

    O ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás informou que no fim da mesa-redonda poderá sair uma Declaração de Luanda, sobre os diamantes naturais, que vai espelhar o esforço conjunto para a manutenção da importância do diamante natural no mundo.

    Impacto da crise
    Esta crise, prosseguiu o ministro, está a fazer com que algumas minas comecem a ter problemas de se manter em produção. Caso continue, Diamantino Azevedo disse que o quadro poderá levar ao encerramento de minas, o que poderá gerar desemprego e menos receitas para o Estado.

    "É nesse sentido que eu digo que tem causado este impacto directo a todos os países produtores de diamantes, mas, também, a todos os outros agentes que actuam ao longo de toda a cadeia do diamante", salientou.

    O problema em causa, revelou o ministro, está a impedir o país de vender os diamantes tal como vendia antes, e, nos casos em que consegue vender, fá-lo a preço mais baixo. "Esta é a situação que faz com que haja algum stock que estamos a fazer não por estratégia de estocagem, mas por situação de mercado", esclareceu.

    Diamante sintético
    Um diamante sintético ou diamante cultivado em laboratório é produzido em um processo tecnológico controlado, em contraste com um diamante formado naturalmente, que é criado por meio de processos geológicos e obtido por mineração.

    Ao contrário dos simuladores de diamante (imitações de diamante feitas de materiais não diamantados superficialmente semelhantes), os diamantes sintéticos são compostos do mesmo material que os diamantes formados naturalmente - carbono puro cristalizado em uma forma 3D isotrópica - e têm propriedades químicas e físicas idênticas.

    O tamanho máximo dos diamantes sintéticos aumentou drasticamente no século XXI. Antes de 2010, a maioria dos diamantes sintéticos era menor que meio quilate. As melhorias na tecnologia, somadas à disponibilidade de substratos de diamante maiores, levaram a diamantes sintéticos de até 125 quilates em 2025.