O ministro das Relações Exteriores, Téte António, destacou ontem, em Washington, a participação dos Estados Unidos num amplo programa de construção de infra-estruturas para o desenvolvimento em África, cujo destaque vai para o Projecto de Desenvolvimento do Corredor do Lobito, em Angola.
Téte António, que proferiu uma palestra na Universidade de Lincoln sobre o Ensino Superior, Empreendedorismo e Inovação, referiu que esta participação dos Estados Unidos é uma importante ocasião para afirmar o engajamento de Angola no reforço da cooperação bilateral.
Dissertando sobre o tema “Uma visão pan-africana para parcerias estratégicas com HBCUS”, Téte António lembrou que o projecto do Corredor do Lobito vai conectar Angola, República Democrática do Congo (RDC) e Zâmbia, havendo perspectivas de ligar-se à costa índica, o que vai acelerar as trocas comerciais e a mobilidade social.
“Depois de vencermos juntos as diferenças das disputas estratégicas da guerra fria, aos quais esteve associado um longo período de 27 anos de guerra civil que o meu país viveu, os Estados Unidos integraram a troika de observadores do processo de paz, ao lado de Portugal e da Rússia”, lembrou o ministro angolano.
Segundo Téte António, a conquista da paz permitiu a Angola ter maior disponibilidade para se envolver, com um maior nível de comprometimento e participação, na agenda multilateral global, partilhando as lições e experiências acumuladas ao longo do processo.
Além da recente mediação do conflito no Leste da RDC, o ministro das Relações Exteriores ressaltou que Angola facilitou, com sucesso, a resolução do diferendo entre o Rwanda e o Uganda, o processo na República Centro-Africana, e acolhe, por mandato da União Africana e da UNESCO, a Bienal de Luanda para a Cultura de Paz e Não Violência, que já vai na sua quarta edição.
Como parte desses esforços de busca pela paz e estabilidade no continente africano, o ministro referiu que o Chefe de Estado, João Lourenço, na qualidade de Presidente em funções da União Africana, tomou a iniciativa de mobilizar apoios para garantir um investimento massivo na Educação dos jovens do continente, numa primeira fase, começando pela Região dos Grandes Lagos, uma das zonas mais críticas em matéria de paz e segurança.
O ministro Téte António lembrou que, por isso, o Chefe de Estado angolano foi designado “Campeão para a Paz e Reconciliação em África”.
O ministro destacou como continente do futuro o elevado dividendo demográfico de África, com uma população de perto de 1.5 bilião de habitantes, maioritariamente jovem.
De acordo com o ministro das Relações Exteriores, o Executivo angolano tem a Educação como “palavra de ordem, porque é convicção que a mesma vai empoderar a juventude e as mulheres”.
Téte António considerou que o ensino superior pode conduzir ao desenvolvimento económico e social, bem como promover a inovação, melhorar a qualidade de vida e garantir a sustentabilidade.
É nesse quadro, sublinhou Téte António, que foi concebido o Programa de Bolsas de Estudo para a Paz, uma iniciativa do Presidente João Lourenço destinada a jovens da Região dos Grandes Lagos.
Em função disso, o ministro indicou que foi solicitado o contributo dos Estados Unidos para a sua concretização, através de bolsas de estudo em universidades norte-americanas.