Na segunda-feira, abrem-se às portas da 7.ª Cimeira União Africana–União Europeia, que Luanda acolhe, cresce a expectativa quanto ao contributo que Angola poderá oferecer para o reforço da cooperação entre os dois blocos, após ter recentemente acolhido também a Cimeira EUA–África.
Em reacções ao Jornal de Angola, a embaixadora de Angola em Moçambique, Jovelina Imperial, e o embaixador de Angola na Nigéria, José Bamóquina Zau, sublinham a importância política, estratégica e simbólica do encontro, bem como as prioridades centrais que o país deverá defender neste diálogo birregional.
Jovelina Imperial destaca que as prioridades angolanas vão estar alinhadas ao lema da Cimeira, “Promover a Paz e a Prosperidade através de um Multilateralismo Eficaz”, centrando-se no reforço das parcerias e na abordagem partilhada dos desafios que afectam ambos os continentes.
Para a diplomata, continua a ser primordial promover a paz e a segurança no espaço africano, tendo em conta o “histórico de Angola na mediação de conflitos” e o seu papel no Conselho de Paz e Segurança da União Africana, sobretudo face a ameaças como o “terrorismo e a insegurança marítima”.
Jovelina Imperial sublinha ainda a industrialização e o crescimento económico sustentável como eixos prioritários, defendendo “o apoio à industrialização de África e o acesso a financiamento tecnológico, visando um crescimento partilhado e a criação de emprego”.
Uma nova forma de “pensar o poder”
O embaixador de Angola na Nigéria, José Bamóquina Zau, considera que a realização da Cimeira em Luanda representa um marco político e simbólico para África, configurando uma nova forma de “pensar o poder”.
Para o diplomata, “o facto desta Cimeira decorrer em Angola, África, representa uma nova forma de romper o paradigma de serem sempre os africanos a voarem para Europa para as grandes cimeiras”, acrescentando que este passo “reposiciona Angola como uma referência credível e de prestígio, com quem o mundo deve contar”.
Bamóquina Zau defende que, ao trazer a elite política europeia para o continente, o Presidente João Lourenço inaugura um “novo eixo de negociação que sai da Diplomacia de Imposição para uma Diplomacia de Diálogo”, sublinhou.
Entre os pontos prioritários que Angola deverá defender, o embaixador destaca “a paz como motor de garantia da segurança alimentar”, o financiamento de grandes infra-estruturas pan-africanas, a revisão das dívidas que sufocam o continente e “a transição para energias limpas com tecnologias produzidas localmente”, além da necessidade de fortalecer “a soberania das moedas africanas”.