O Presidente da República anunciou, segunda-feira, aqui em Sevilha, Reino de Espanha, mais investimentos no sector da Saúde Pública do país, com destaque para um programa “ambicioso” de formação profissional para cerca de 38 mil profissionais até 2028.
O Presidente João Lourenço avançou a informação durante a participação num painel de alto nível paralelo à Conferência Internacional das Nações Unidas sobre Desenvolvimento, que se centrou na questão da Saúde. Organizado pelos homólogos de França, Emmanuel Macron, e do Quénia, William Ruto, este espaço teve como lema “Soluções lideradas pelos países para os desafios do nosso tempo”.
O Presidente da República precisou que estas medidas se enquadram numa das estratégias do Executivo, que passa por melhorar, substancialmente, o panorama da saúde pública em Angola.
“Nós entendemos que sem saúde não há desenvolvimento”, ressaltou o Presidente João Lourenço. O Chefe de Estado fez saber que o Governo tem vindo a fazer, há 7 anos, um grande investimento no sector da Saúde, com vista a proporcionar melhores condições para os utentes e aos trabalhadores desta área.
No quadro dessas acções, informou que Angola passou, nesse período de 7 anos, de 2.612 unidades hospitalares para 5.958 unidades hospitalares, assim como aumentou em 46 por cento a força de trabalho do sector da Saúde, entre médicos, enfermeiros e outros profissionais do sector. O Presidente da República referiu que este investimento tem sido feito quer com recursos próprios do Tesouro, quer com recurso ao financiamento externo, de instituições financeiras internacionais, mas, também, da banca comercial.
Hoje, enquanto Presidente em exercício da União Africana, João Lourenço fez saber que tem procurado dar, também, o maior apoio possível à organização continental, por via do Centro Africano para Controlo e Prevenção de Doenças (Africa CDC), uma agência de saúde pública da União Africana.
Este apoio, precisou o estadista angolano, visa dotar esta instituição de mais capacidade de resposta, para liderar o processo de implantação de fábricas de produção de medicamentos, mas, sobretudo, de vacinas num grande número de países do continente africano. Informou que Angola já contribuiu, este ano, com cerca de 5 milhões de dólares para o Africa- CDC, por se tratar de uma instituição útil, que vai ajudar o continente a fazer frente às doenças negligenciáveis, como endemias e pandemias.
O Presidente da República salientou que, para haver desenvolvimento, é necessário que se aposte, primeiro, num conjunto de investimento, nomeadamente na tecnologia, em infra-estruturas, mas, sobretudo, na pessoa humana. “Portanto, tudo isso não pode acontecer se não cuidarmos da pessoa humana. E a pessoa humana, para estar em condições de contribuir para o desenvolvimento dos seus respectivos países, precisa de estar bem, alimentar-se bem e o que é fundamental é ter saúde”, aclarou.
Para o Chefe de Estado angolano, é necessário que as pessoas estejam em condições de saúde, de ter garantida a assistência médica e medicamentosa, para que possam desenvolver as suas capacidades e, desta forma, contribuir para o desenvolvimento económico e social dos seus respectivos países.
Investimento soberano na saúde é importante
Por ser, ainda, um continente que enfrenta um conjunto de desafios, a começar pelas guerras, conflitos armados étnicos e religiosos, África enfrenta situações de fome, pobreza e de muitas doenças negligenciáveis, com realce para as endemias e pandemias, como o Mpox, a Varíola, a Covid, a Cólera e outras situações, que disse preocuparem a saúde pública dos cidadãos.
“Por esta razão, nós falamos, hoje (ontem), aqui neste painel, da necessidade do investimento soberano na saúde, não apenas no continente africano, mas no mundo, em geral, uma vez que não estamos aqui a tratar apenas de um continente, mas as Nações Unidas que têm que se preocupar com o mundo na sua globalidade”, ressaltou João Lourenço.
O Presidente da República destacou que o investimento soberano na saúde é importante e o país está a procurar fazer a sua parte, procurando soluções para investir em infra-estruturas de saúde, ou seja, em unidades hospitalares, investir na formação dos profissionais da área, em fábricas para a produção de medicamentos e de vacinas para atenderem as populações angolanas.
“Todos os países africanos, uns mais, outros menos, estamos a fazer um esforço grande no sentido de evitarmos que se repita o que aconteceu por ocasião do surto da Covid-19, em que o continente, de repente, se viu impossibilitado de produzir as vacinas que podiam fazer frente àquela pandemia”, lembrou o Chefe de Estado, sublinhando que África ficou 100 por cento dependente de outros produtores e continentes, que, em alguns casos, mesmo havendo recursos financeiros, havia dificuldades no seu fornecimento.
“Queremos evitar que isso se repita, porque, naquela altura, foi a Covid-19, mas acreditamos que endemias e pandemias, pelo menos no nosso continente, são recorrentes”, acentuou.